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Arquitetos: xystudio
- Área: 1485 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:One Light Studio
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Fabricantes: AutoDesk, Dryvit, Ponzio, Wienerberger, Xella
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Abrigo de Jankowice é um edifício bastante incomum. O projeto foi desenvolvido pelos arquitetos do xystudio para atender pessoas desamparadas as quais não se encaixam no sistema de atendimento público e tampouco conseguem se virar por conta própria. Elas são independentes demais para uma casa de assistência social mas não o suficiente para viverem sozinhas. Pensando nisso, a Irmã Chmielewska decidiu construir uma "casa" onde elas pudessem morar. O Abrigo de Jankowice é um amplo edifício térreo que se espalha em meio à a paisagem rural da Polônia Oriental. De longe ele parece invisível, passando pela estrada é quase impossível identificá-lo, isso porque o edifício encontra-se oculto atrás de um antigo bosque que circunda o playground da escola de Jankowice. A partir do edifício é possível ter uma vista panorâmica da paisagem tranquila e idílica e circunda o abrigo. Programaticamente o edifício encontra-se dividido em três zonas principais, as quais foram separadas com paredes maciças de tijolos e espaços abertos. Junto à ala de acesso há uma área pública de recepção aos visitantes assim como uma capela, os escritórios administrativos do abrigo, salas de reabilitação além de uma área de convívio e um refeitório.
Na nave central do edifício, separada da ala de acesso pelo sóbrio volume da área de convívio, encontram-se dispostos os dezenove dormitórios, todos eles equipados com banheiros adaptados. No estremo oposto, finalmente, encontra-se a área dos funcionários, pessoas que se dedicam ao cuidado dos hóspedes do abrigo - três apartamentos pequenos equipados cozinhas americanas. Jankowice é uma pequena vila na zona rural de Ostrowiec Świętokrzyski, cento e setenta quilômetros ao sul de Varsóvia. Os hóspedes de abrigo são pessoas com diferentes limitações as quais necessitam de assistência vinte e quatro horas e sete dias por semana. Além disso, é preciso que os funcionários estejam sempre à disposição. Por isso, procuramos projetar um edifício que pudesse atender não apenas as necessidades das pessoas desamparadas, que não são poucas, mas também as demandas de seus cuidadores para que eles possam viver em um ambiente suficientemente confortável. A maioria dos dormitórios são quartos duplos com banheiros compartilhados a cada duas unidades. O Abrigo foi concebido para proporcionar um teto aqueles que não o tem, um lugar onde estas pessoas possam dormir. Por outro lado, os hóspedes são incentivados a sair durante o dia - um importante passo no processo de ressocialização.
Ao contrário dos espaços abertos, os dormitórios são cômodos modestos e aconchegantes ao mesmo tempo. A cozinha foi projetada para que os hóspedes possam ajudar os funcionários com as tarefas domesticas mais simples. Há também uma sala de jantar e uma sala de estar. O pátio é, sem dúvida, o espaço mais importante deste edifício, o elemento de conexão com o mundo exterior - não apenas física, mas psicologicamente também. Graças à transparência do edifício, desde dentro é possível ter uma sensação de maior amplitude além de facilitar o controle dos hóspedes por um pequeno número de cuidadores. O espaço de convívio exterior, utilizado durante os meses mais quentes do ano, foi decorado com um mural colorido e alegre concebido pelo artista polonês Marcin Czaja. Esta ideia partiu da Irmã Chmielewska, ela queria adicionar um pouco de cor e quebrar com o ascetismo deste edifício.
A planta do edifício é cem por cento acessível e além disso o projeto foi concebido para ser eficiente, sustentável, fácil de operar e com baixos custos de manutenção. Entretanto, tivemos que abrir mão da ideia inicial de utilizar bombas de calor devido as súbitas variações na rede de abastecimento de energia. O aquecimento a gás acabou sendo muito mais econômico e o que é mais importante, muito mais fácil de operar. Utilizamos um sistema de piso radiante para o aquecimento do edifício, estratégias passivas de ventilação, paredes radiantes, janelas de alta estanqueidade, uma estação de tratamento de esgoto ecológico, sistemas de captação e reaproveitamento de água da chuva. O edifício foi construído utilizando materiais locais e reaproveitados. As fachadas foram erguidas com tijolos que haviam sido descartados, os quais ganharam uma sobrevida quando ressignificados nesta estrutura, um pouco como a historia de cada uma destas pessoas. Ainda assim, nos dedicamos a projetar um edifício que transmitisse um ar de contemporaneidade, que fizesse os seus moradores se sentirem em casa.
O banco protegido sob beiral do edifício é outro momento importante neste projeto. Um espaço para relaxar e jogar conversa fora. Durante a abertura, sentei-me em um destes bancos e, depois de um tempo, me dei conta da importância deste lugar. Nem sequer uma única árvore foi removida para a implantação deste edifício.